quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Identidade Regional


Cada região possui um conjunto de características que a diferenciam e permitem que conheçamos a sua identidade.
As sociedades humanas caracterizam-se pela sua diversidade: mesmo em territórios de média dimensão se podem observar diferenças, muitas vezes muito apreciáveis, no modo de vida das comunidades locais. A morfologia do terreno pode explicar muitas dessas diferenças, por exemplo, uma aldeia implantada junto ao mar ou na margem de um rio, pode ter a pesca como actividade económica principal, enquanto que uma aldeia serrana a poucos quilómetros de distância, com a mesma dimensão da anterior, pode dedicar-se quase exclusivamente à pastorícia ou à exploração dos recursos florestais. 
Isto com que a vida das pessoas em cada uma dessas comunidades seja radicalmente diferente.

A identidade de uma região é composta pelas seguintes características:

A. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

•Localização geográfica.

•Clima.

•Rios.

•Relevo.

•Flora.

•Fauna.


B. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS 

•Natalidade.

•Mortalidade.

•Migração.

•Distribuição da população por sexos.

•Estrutura etária.

•Envelhecimento ou rejuvenescimento

•Problemas relacionados com a desertificação humana.

•Problemas relacionados com a sobrepopulação.

  
C. CARACTERÍSTICAS ECONÓMICAS

•Atividades económicas dominantes.

•Especialização económica.

•Áreas industriais.

•Áreas rurais.

•Vias de comunicação e Acessibilidade (Local; Regional; Nacional e Internacional.

•Desenvolvimento tecnológico.

•Cobertura das redes de comunicação (Internet; Redes móveis).

•Rendimento ou PIB per capita.

•Dinamismo económico / empreendedorismo.

•Qualificação dos trabalhadores.

•Desemprego.


D. CARACTERÍSTICAS POLÍTICAS E SOCIAIS

•Estrutura e funcionamento das autarquias locais.

•Presença de serviços públicos essenciais (Tribunal; Polícia; Correios; Hospital/Centros de Saúde; Sistema de transportes;etc.).

•Participação dos cidadãos na vida política (Número de eleitores; Taxa de abstenção nas eleições; Participação nos atos públicos, etc.).

•Qualidade de vida dos cidadãos.

•Acesso a cuidados de saúde.

• Saneamento Público.

•Espaços verdes.

•Proteção do ambiente (Uso das energias renováveis; Reciclagem; Tratamento de esgotos, etc.).

•Programas públicos de combate à pobreza.

•Instituições de solidariedade social.

•Serviços e instituições de apoio a infância.

Serviços e instituições de apoio à juventude.

Serviços e instituições de apoio à população senior.


E. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS

•Nível de escolaridade da população.

•Acesso dos cidadãos à Internet.

•Existência de Escolas e Universidades.

•Investigação científica.

•Equipamentos culturais (Museus; Galerias de Arte/ Centros de exposições; Bibliotecas; Cinemas; Teatros; Equipamentos desportivos).

•Oferta cultural (Exposições; Teatro; Cinema; Espetáculos).

•Património arquitetónico.

•Acesso dos cidadãos à prática desportiva.

•Clubes desportivos (e sua inserção na região, no país e no contexto internacional).

•Tradições.

•Gastronomia, vestuário, artesanato.

•Especificidades linguisticas.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O conceito de região



O conceito de região  faz referência a uma porção de território determinada por certas características comuns ou circunstâncias especiais, nomeadamente o clima, a topografia ou a forma de governo.
Uma região também é uma divisão territorial definida por questões geográficas, históricas e sociais, que conta com várias subdivisões, como departamentos, províncias, cidades, entre outras.
Uma região administrativa é uma divisão regional organizada pelo Estado nacional para facilitar a administração e a governação de um país. Estas regiões têm uma origem artificial, disposta por uma lei, independentemente do facto de a divisão ter em conta critérios geográficos ou culturais.
Dá-se o nome de região natural ao tipo de região que é determinada pela geografia física. Nestes casos, aquilo que é tido em conta para planear a divisão é o relevo, a vegetação, a hidrografia, entre outros factores.
http://conceito.de/regiao

Uma região pode ser qualquer área geográfica que forme uma unidade distinta em virtude de determinadas características, um recorte temático do espaço. Em termos gerais, costumam, mas não necessariamente, ser menores que um país, e podem ser delimitadas em diversas escalas de acordo com as necessidades do estudo. 
A divisão e administração territorial difere, de facto, de país para país, concretizando-se segundo políticas próprias e tendo em conta particularidades geográficas, étnicas, históricas, económicas, ecológicas, entre outras.
Na geografia tradicional, as regiões eram entendidas como sínteses de elementos físicos e sociais em integração, sendo reconhecidas pela descrição da paisagem. Nesse sentido, a região era uma paisagem diferenciada. 

Espaço Geográfico



Espaço geográfico: A paisagem construída pela sociedade


Quando você abre a janela e observa a rua, ou o que houver à volta da sua casa, está ver uma paisagem. Esteja no campo, ou na cidade,observará elementos que podem ser naturais ou construídos pelos seres humanos.

Os elementos naturais numa paisagem são, por exemplo: as árvores (e outros tipos de plantas que não foram cultivadas pelas pessoas), os rios, o solo, os montes, o mar. Há paisagens nas quais existem muitos elementos naturais, como as que podemos observar em florestas.

Já os elementos da paisagem que foram construídos pelos seres humanos, pelas mulheres e homens, são designados como humanizados, culturais ou mesmo artificiais. São as casas, os edifícios, as ruas, os viadutos, as plantações (cultivos), as pastagens formadas pelas pessoas. Esses elementos são um resultado da ação humana, do trabalho das mulheres e dos homens.

Mas nas paisagens também existem outros aspectos percebidos pelos nossos sentidos: os sons, os cheiros, os movimentos - a circulação de pessoas e de veículos.

Paisagem humanizada

Considerando os movimentos nas paisagens, podemos perceber que elas mudam de um momento para outro. Por isso, afirmamos que elas são dinâmicas, estão constantemente a ser modificadas. Essas modificações podem ocorrer: quando casas ou prédios são derrubados, e outros são construídos; quando uma área de floresta é cortada; quando é feita uma sementeira ou uma colheita numa área cultivada, por exemplo, com centeio; quando são construídos viadutos, ruas,  pontes, estradas...

No mundo atual praticamente não existe paisagem natural; são muito restritas as áreas onde existem apenas elementos naturais. Os oceanos, por exemplo, são constantemente atravessados por navios de todo tipo, os seus recursos são explorados (inclusive de seu subsolo),nos seus leitos há milhares de quilómetros de cabos submarinos feitos de cobre ou fibra óptica, que possibilitam as comunicações entre milhões de pessoas de diferentes continentes, diariamente. Em muitos locais remotos são desenvolvidas pesquisas, atividades de exploração, muitas delas prejudiciais ao ambiente.

A paisagem humanizada (artificial ou cultural) é a que está presente nos mais vastos recantos do planeta. Nela coexistem elementos naturais e artificiais, havendo uma predominância destes últimos. No entanto, é preciso considerar que mesmo muitas plantas que existem nas paisagens bastante humanizadas, como as das grandes cidades, não apareceram e cresceram naturalmente, elas foram plantadas pelas pessoas. A sua existência, portanto, naquele determinado local, é resultado da ação humana.

Modificações e descobertas

Nas paisagens também encontramos elementos que foram construídos em diferentes épocas. Muitas vezes, em áreas onde a ocupação humana é antiga e contínua, verifica-se a presença de construções de diferentes períodos históricos. Em relação a isso, podemos pensar, por exemplo, em regiões da Índia e da Itália. Portugal, sendo um dos mais antigos países da Europa, possui mais de oito séculos de história, por isso por todo o lado coexistem o velho e o novo, o antigo e o moderno.

As modificações nas paisagens também estão relacionadas com as novas descobertas que os seres humanos vão realizando, em termos tecnológicos, que fazem surgir novos modos de produção, novas mercadorias e novas formas arquitetônicas, entre outros. Por outro lado, há mudanças nas paisagens que são resultado de fatores naturais como a alternância entre o dia e a noite, e entre as estações do ano ou até de terramotos, por exemplo.

Espaço geográfico

Se fôssemos consultar num dicionário a palavra espaço, constataríamos que há uma grande quantidade de significados. Para a geografia o espaço são as paisagens, as relações que se estabelecem entre as pessoas (sociais, económicas, políticas, etc.), as relações entre as pessoas e a natureza, e as próprias pessoas. Esse espaço é chamado espaço geográfico.

Percebemos, assim, que a noção de espaço geográfico é mais ampla que a de paisagem. Ao pensarmos no espaço geográfico estamos a pensar nos elementos e aspetos que existem nas paisagens, mas também nas diversas ações que as pessoas realizam nas paisagens. Essas ações correspondem aos variados tipos de atividades humanas: trabalho, estudo, lazer. Envolvem, portanto, relações económicas, sociais e políticas. Trata-se de algo bastante dinâmico.

Paisagem



Considera-se paisagem a imagem resultante da síntese de todos os elementos presentes em determinado local. 
Uma outra definição, tradicional, de paisagem é a de um espaço territorial abrangido pelo olhar. Pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. É formada não apenas por volumes mas também por cores, movimento, odores, sons etc.
A paisagem não é espaço, pois se tirarmos a paisagem de um determinado lugar, o espaço não deixará de existir.
A paisagem é um resultado material de todos os processos, naturais e humanizados, de determinado local. Temos dois tipos de paisagem: natural e humanizada.
A paisagem natural é aquilo que vem de origem da natureza, sem interferência da mão humana, como a vegetação e formações geológicas.
A paisagem humanizada é aquela que sofreu transformações em resultado da intervenção humana. São exemplos de ambiente construído as obras de arquitetura e de paisagismo.
Para alguns autores, a paisagem é a apreensão do mundo de uma forma individual. Um olhar individual que pode retransmitir para o conceito de paisagem na arte. É o fenômeno espacial no tempo do indivíduo.


Uma Paisagem Humanizada é uma paisagem que sofreu alterações do homem. Atualmente já não há nenhum ou quase nenhum lugar que não tenha havido intervenção humana, pois a poluição atmosférica já existe em todo o mundo. No entanto, ainda há paisagens que não tem nenhuma construção feita pelo ser humano ou nenhum objeto feito pelo homem. Então uma paisagem humanizada é uma paisagem que contém elementos humanos, ao contrário da paisagem natural que só tem elementos naturais.

Paisagem muito humanizada
Uma paisagem humanizada pode conter elementos naturais e humanos, enquanto que numa paisagem natural, só pode conter elementos naturais. Há paisagens que sofreram poucas alterações do homem, outras que não sofreram e outras que sofreram bastante. Por exemplo, uma fotografia de uma cordilheira de montanhas, água, relva e uma pequena habitação, sofreu poucas alterações do homem (O único elemento humano é a pequena habitação). Então as paisagens que não sofreram alterações do ser humano chamam-se paisagens naturais, as que sofreram muito pouco são paisagens pouco humanizadas e as que sofreram muitas alterações do ser humano são paisagens muito humanizadas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Matriz do teste 01

Objetivos:                                                                                                   
- Definir o conceito de Pessoa;
- Analisar a origem etimológica dos termos ‘pessoa’ e ‘personalidade’: persona (máscara teatral).
- Identificar características da Pessoa/da Personalidade/”indicadores de humanidade”.
- Problematizar o conceito de Pessoa: as pessoas não-humanas;
- Distinguir Pessoas e Coisas;
- Definir cultura;
- Interpretar o Homem como produto e produtor de cultura;
- Compreender a importância do meio cultural (da aprendizagem cultural) no desenvolvimento do ser humano;
- Interpretar o filme “o menino selvagem”;
- Explicar o fenómeno das “crianças selvagens”;
- Distinguir o Homem dos outros animais tendo em conta o peso da hereditariedade;
- Comparar o Homem e os grandes primatas;
- Explicar por que motivo o Homem tem uma inteligência mais desenvolvida do que a dos grandes primatas (principalmente os chimpanzés);
- Explicar a relação entre a hereditariedade e o meio na formação da pessoa;
- Explicar  o conceito de enculturação;
- Compreender o Homem como um  ser social;
- Definir o conceito de Sociedade;
- Definir o conceito de grupo social;
- Distinguir os diversos tipos de grupos: primários, intermediários e secundários;
- Definir a socialização enquanto processo de integração do indivíduo na sociedade;
- Distinguir socialização primária de socialização secundária;
- Identificar os agentes de socialização (Família; Escola e Meios de Comunicação);
- Definir o conceito de personalidade;
- Compreender o processo de construção da personalidade, como a confluência dos seguintes fatores: hereditariedade, meio sócio-cultural e experiências pessoais;
- Compreender a vinculação mãe-bebé.

Problemas a explorar:
Já nascemos humanos?                                   As crianças selvagens são pessoas?
Como nos tornamos pessoas?                        A relação do indivíduo com a sociedade.
Existem pessoas não humanas?                    A personalidade pode ser alterada?

Estrutura do teste:
Grupo I – I.1. Questões de escolha múltipla (10); I.2. Questões de verdadeiro/falso(15).
Grupo II – Questões de resposta curta (definir; analisar; identificar; distinguir; comparar) – 6.
Grupo III – Uma questão de desenvolvimento – num mínimo de 200 palavras. (compreender; explicar; interpretar; problematizar).
Cotações: Grupo I – 45% (9 valores); Grupo II – 35% (7 valores); Grupo III – 20% (4 valores). Pesos (questões dos grupos II e III): Exposição dos conteúdos (65%); Estruturação formal das respostas /Qualidade da argumentação (grupo III)(25%); Correção da Expressão Escrita (10%).
Instruções: Não será necessária folha de teste. 
                    O teste terá a duração de 90 minutos.
                    Nos grupos II e III deve ser original e crítico nas suas respostas.
                    Deve ler todo o enunciado antes de começar a responder.

 Imprimir / download PDF

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A Personalidade


"O que é a Personalidade?
A origem da expressão remete-nos para persona, máscara utilizada no teatro clássico para representar as emoções dos actores. A Psicologia, dentro das diversas linhas de estudo, apropriou-se deste conceito associando-o a uma série de outros que também eram utilizados para definir as particularidades da individualidade tais como carácter, índole (feitio) e temperamento. A natureza da sua constituição ou estrutura, numa linguagem mais moderna, e a possibilidade de classificação em tipos tem sido a regra da maioria dos estudos sobre este tema.
 A personalidade é um elemento relativamente estável na conduta da pessoa. É o que nos torna únicos, diferentes de todos. A personalidade diz respeito a características pessoais e que suportam uma coerência interna. Sempre que nos referimos à personalidade referimo-nos aos sentimentos, emoções, pensamentos, atitudes, comportamentos, motivações, tomadas de decisão, projectos de vida, etc. Ela permite que nos reconheçamos e que sejamos reconhecidos pelos outros, representa uma fidelidade, uma continuidade de formas de estar e de ser.
 A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida, e uma elaboração da nossa história, da forma que sentimos e interiorizamos as nossas experiências, acompanha e reflecte a maturação psicológica. Em suma, a personalidade é um processo activo e que intervém em diferentes factores.

Factores que influenciam a Personalidade
São três os factores que influenciam a personalidade, eles estão relativamente interligados, embora a influência desses factores seja diferente nos diferentes indivíduos e nas diferentes fases da vida, a saber:
· influências hereditárias;
· meio social;
· e experiências pessoais

Influências hereditárias
Cada pessoa apresenta-se na sua singularidade fisiológica e morfológica. O padrão genético estabelecido no momento da concepção influencia as características da personalidade que um indivíduo desenvolverá. De forma que, um dano que afecte o cérebro, herdado ou causado à nascença pode ter grande influência sobre o comportamento da pessoa. Na determinação do temperamento estão as variações individuais do organismo, concretamente a constituição física e o funcionamento do sistema nervoso e do sistema endócrino, que são em grande parte hereditários.
Além disso, os factores somáticos ou orgânicos como o peso, a altura e o funcionamento dos órgãos dos sentidos podem afectar o desenvolvimento da personalidade.
O estudo dos gémeos é um dos métodos usados para analisar o papel da hereditariedade e demonstrou que, na generalidade, é nas características da personalidade que a semelhança é menor,  em comparação com as semelhanças físicas e intelectuais.

 O meio social
O meio social desempenha um papel determinante na construção da personalidade. Esta forma-se num processo interactivo com os sistemas de vida que a envolvem como a família, o grupo de amigos, a escola, o trabalho, etc. A família tem um papel muito importante, principalmente nos primeiros anos de vida pelas características e qualidade das relações existentes. O tipo de ambiente e clima em que se vive (hostil, violento, harmonioso, etc.) também dá a sua contribuição no desenvolvimento da personalidade.
Quanto mais próximo é o relacionamento de duas pessoas, tanto mais é provável que as características da sua personalidade sejam as mesmas.
  
Experiências pessoais
A qualidade de relações precoces e o processo de vinculação na relação mãe/filho são fundamentais na estruturação e organização da personalidade.  A complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas, linguísticas, afectivas, de autonomia, de socialização e de construção de valores das crianças e jovens.
Outro aspecto muito importante na construção da personalidade é a adolescência com a formação de uma identidade, que se reflecte, no vestir, nas ideias defendidas e nas formas de se expressar.
Ao longo de toda a vida decorrem acontecimentos que marcam a personalidade de quem os vive, tais como mortes, violações, frustrações, cura de uma doença grave, divórcio, etc. A forma como representamos essas experiências e o modo como conseguimos (ou não) superá-las e integrá-las na nossa vida são o reflexo de uma personalidade."
|Miguel Alexandre Palma Costa, http://rotasfilosoficas.blogs.sapo.pt/3435.html





_____________
As principais características da personalidade

"Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa". Esta definição salienta que a personalidade:
  • é uma organização e não uma aglomerado de partes soltas; Isto significa que a personalidade forma uma totalidade.
  • É dinâmica e não estática, imutável; A personalidade possui dinamismo (está sempre em construção) e continuidade (apesar das alterações que sofre ao longo da vida, a personalidade mantém um conjunto constante de tendências que marcam a identidade do indivíduo).
  • É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus processos; As características físicas de um indivíduo fazem parte da sua personalidade, parte do que somos é hereditário. Mas a personalidade não depende exclusivamente da hereditariedade: temos que contar com o meio social e com as experiências pessoais para sabermos o que deu origem à maneira de ser, agir e pensar de uma pessoa.
  • É uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o mundo que a cerca; Esta é outra dimensão do dinamismo da personalidade: o ser humano pode sempre evoluir, mudando a forma como reage às situações e alterando o seu pensamento sobre si e sobre o mundo que o rodeia. Isto porque existe uma orientação interna para a relação com os outros e com o mundo que exige uma constante adaptação do indivíduo.
  • Mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes; Isto acontece porque a personalidade funciona como uma totalidade organizada, cada elemento está ligado aos restantes. Por isso é possível saber se o comportamento de uma pessoa é 'estranho' ou 'inesperado', se uma pessoa é por norma calma e amável, se tiver um comportamento agressivo, fora dos seus padrões habituais de comportamento, isso pode significar que está a acontecer algo de errado com a pessoa (uma doença, uma agressão, etc.).
  • Expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções. A personalidade manifesta-se como singularidade: cada indivíduo é único e diferente de qualquer outro e isso manifesta-se em todas as dimensões do seu ser."
Actividades:
1. Tendo em conta os três factores que influenciam a personalidade, responda à seguinte questão: Pode considerar-se que um dos factores tem mais peso do que os outros? Para responder à questão levante uma hipótese consistente e procure fundamentá-la com base numa pesquisa sobre esta temática. Se encontrar posições divergentes deve analisar as teses e os argumentos de cada uma delas com vista a poder decidir qual lhe parece mais consistente.

A Personalidade - documentário

domingo, 13 de outubro de 2013

A Cultura


De uma forma muito geral podemos definir a cultura como tudo o que é produzido pelo homem enquanto ser social.
Em primeiro lugar, a cultura é aprendida. É aprendida, porque existe graças a um processo de transmissão de geração em geração e não existe independentemente dos indivíduos e dos grupos sociais que compõem as sociedades humanas
A aprendizagem da cultura começa a partir do nascimento, e dá-se essencialmente por imitação dos outros. A esse processo chamamos enculturação e uma das principais vertentes da socialização. É pelo processo de socialização / enculturação que se dá a reprodução social que é um complemento indispensável da reprodução biológica
A cultura também é simbólica, pois todas as culturas possuem símbolos que são compreendidos de modo semelhante por todas as pessoas que as integram. É uma forma de comunicação, é uma rede de sentidos que torna possíveis as relações pessoais. Tudo nas culturas é de carácter simbólico. A base de cada cultura é a língua partilhada pelos membros de cada comunidade.
A cultura também domina a natureza, pois sobrepõe-se ao que há de biológico em nós. Cada necessidade biológica é expressa e saciada de forma diferente, consoante a cultura. Por exemplo, a necessidade de alimento é comum a todos os seres humanos, mas que é satisfeita é de modo diferente (difere no tipo de comida, no modo como se toma a refeição, as horas…). Por isso se diz que a cultura é como uma segunda natureza para o ser humano.
A cultura mostra-se como geral e específica ao mesmo tempo, visto que todos os homens, em qualquer sociedade, têm uma determinada cultura (não há ninguém que não tenha cultura, nasça ou exista sem ela), mas também porque as culturas são diferentes, têm características próprias, que a individualizam. 
Também é dito que a cultura abarca o todo. É simples; a cultura está presente em todos os aspectos da vida humana (sociais, organização do tempo e do espaço, biológicos); ou seja, a cultura está presente em tudo na nossa vida e nada está fora da cultura, pois existem conhecimentos, normas, regras, padrões de comportamento em todas as actividades humanas. 
Outro aspecto da cultura, é o facto de esta ser partilhada, porque não é propriedade de um indivíduo, é de todas as pessoas de uma sociedade, a sociedade e a cultura são inseparáveis, elas são a forma de viver do ser humano. 
Este texto foi adaptado a partir deste original.
Clique na imagem para ampliar

O homem é produto e produtor da Cultura

A cultura é obra humana, é o resultado da acção humana sobre o mundo ( sobre o próprio homem).
O ser humano é capaz de conhecer a realidade em que vive, o que significa que o ser humano é sujeito de conhecimento: consegue representar mentalmente a realidade e, a partir daí, pode interrogar-se sobre o porquê das coisas e das ações dos homens. 
Com base no conhecimento acerca de si e do mundo em que vive, o ser humano pode valorar aquilo de que tem conhecimento, a partir de padrões de escolha e de avaliação que tornam a realidade capaz de ser transformada pela ação humana. 
Com base nos juízos de valor que faz sobre o mundo, o ser humano pode agir procurando alcançar metas individuais e/ou coletivas. Fá-lo porque é capaz de comunicar e de cooperar com os outros humanos - chamamos cultura a toda esta rede de conhecimentos, valorações e ações e constituem o mundo humano, o habitat da espécie humana.
Sem um meio sócio-cultural o ser humano é como um peixe fora de água, não pode viver na plenitude das suas capacidades, perde o sentido do que é a sua humanidade. Por isso o pior castigo que pode recair sobre um ser humano é o isolamento em relação à sociedade dos homens.
A rejeição é o pior dos infernos.
Isto porque o ser humano é o principal produto cultural da sociedade em que nasce e se desenvolve. Sem a socialização seríamos como o menino selvagem quando foi capturado: animais muito limitados sem quaisquer características humanas. Nós somos o resultado da educação que recebemos, acrescido das nossas escolhas pessoais. Somos, no fundo, um produto da ação cultural dos que nos educaram.
Mas também somos produtores de cultura, porque comunicamos, pensamos, valoramos e agimos, alterando, de forma variável, o mundo em que vivemos, ou seja a cultura da sociedade a que pertencemos.
Há seres humanos que conseguem ter um grande impacto na cultura da sua sociedade, como os artistas, os cientistas, os criadores de obras culturais de relevo. Ms cada ser humano deixa uma marca no mundo dos homens, por mais pequena que seja.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Socialização e enculturação

Por socialização entende-se o processo pelo qual os indivíduos humanos se tornam membros da sociedade. Costumam distinguir-se dois modos de socialização principais: a socialização primária que leva um indivíduo  a ser integrado numa dada sociedade; socialização secundária que concerne às dimensões de assimilação e adaptação permanentes dos membros da sociedade ao longo da sua vida.
Também se pode incluir no conceito de socialização a transmissão e assimilação da cultura entre as sucessivas gerações. Trata-se sempre da integração dos indivíduos na estrutura social através da interiorização das ideias, valores, normas e códigos simbólicos ou cultura.


Todo o Homem recebe da família e da sociedade um amplo conjunto de regras de conduta que lhe ditam o comportamento em individual e em grupo. Chamamos-lhes, vulgarmente, educação.

Começamos a ser educados logo ao acabar de nascer: dão-nos mais ou menos banhos, trocam-nos as fraldas, limitam-nos o choro, exigem que façamos gracinhas, que aprendamos a falar, a comer, a estar calados, a escrever, a ler, a comportarmo-nos, a não dizer palavras impróprias da nossa idade, a tratar as pessoas mais velhas, mais ricas, mais fortes, mais poderosas, de certa maneira deferente, a brincarmos com os objectos supostamente adequados ao nosso sexo, a conviver cordialmente com os outros, a estudar, a trabalhar, a não dizer mentiras, a não roubar, enfim, numa palavra, a sermos cidadãos decentes e responsáveis. Tudo isto nos ensinam, embora muitos de nós fujamos às regras e, por isso, caiamos sob a alçada da punição paterna, escolar, policial, judicial. 

A todo o processo vulgarmente designado por educação, dão os sociólogos o nome de socialização e os antropólogos o de enculturação. Para uns, trata-se de integrar o indivíduo na sociedade, para outros, de lhe transmitir a cultura do grupo onde estão a crescer. A socialização ou enculturação são processos que duram toda a vida.







A Socialização Primária e a Socialização Secundária

A continuidade e o dinamismo da personalidade em constante transformação, como se de uma construção permanente se tratasse, resultam do facto de vivermos em comunidade e de tudo a quanto isso obriga. 
Quando nascemos, deparamo-nos com um mundo já organizado, com regras, normas e princípios, a que nos vamos adaptando. Quando crescemos, vamos para a escola e aprendemos coisas novas, conhecemos colegas e professores muito diferentes, às vezes com regras um pouco diferentes das que trazíamos da infância.Depois, já adultos, vamos para o mundo do trabalho e a necessidade de readaptação permanece: novos colegas, diferentes organizações, responsabilidades acrescidas... A este processo de adaptação e readaptação, que vai desde o dia em que nascemos até ao fim das nossas vidas - atribui-se o nome de socialização. À primeira parte deste processo, isto é, os primeiros anos de vida em que vamos integrando as regras básicas de convivência necessárias à vida de todos os dias, dá-se o nome de socialização primária. Nesta fase os agentes de socialização, isto é, os meios por intermédio dos quais me apercebo das regras a integrar, são a família, os vizinhos, a escola e os grupos de amigos. A segunda parte, na socialização secundária  ocorre ao longo da vida e sempre que há mudanças ou necessidade de adquirir novas competências. Desta feita, os agentes de socialização, variam consoante o rumo que dermos às nossas vidas: empresas, sindicatos, partidos políticos, associações recreativas, religiosas, culturais...
http://ceinformaticos.blogspot.pt/2011/10/socializacao-primaria-e-secudaria.html

Os Agentes de Socialização
A Família, primeiro, e depois a Escola eram tradicionalmente os lugares privilegiados da socialização.
Contudo, hoje, é possível dizer que perderam o seu peso para outras instâncias de que, desde muito cedo, os jovens sofrem a sua influência, para o melhor e para o pior. A Televisão e a Internet são autênticas «escolas paralelas», que associadas à moda, aos grupos de pares, e à publicidade instituem o «verdadeiro espírito» da socialização.
A Família é o primeiro lugar privilegiado para o desenvolvimento das capacidades e para a aquisição dos comportamentos, valores e atitudes. Segue-se a Escola, seja em termos formativos, seja em termos de instrução, ainda que a este respeito se exija cada vez menos para não baixar o sucesso escolar. A grande concorrente da escola tradicional é a Televisão, por um lado, e a Internet, que se constituem como verdadeiras «escolas paralelas». Em Portugal, os programas televisivos mais vistos são as telenovelas,  os concursos, os programas de entretenimento, de  «espectáculos de realidade» e outros semelhantes. Na internet, os jogos online, os filmes em «streaming», as redes sociais tipo Messenger, Hi5 ou Facebook, são a grande fonte de atracção dos jovens, devido à instantaneidade comunicativa que proporcionam, quer em termos de entretenimento quer em termos de ocupação dos tempos livres. Para além disso, a internet permite aprendizagens não menos
rápidas (consultar a Wikipédia, cortar-colar-imprimir, ou fazer o mesmo, «googlando»). O jovem aprende, assim, a passar de uma coisa para outra sem se fixar em nenhuma. A moda da internet tem uma força considerável sobre os jovens. A Moda, ela própria, visando o consumo, estabelece uma padronização: estar ou não estar na moda. Nada disto é possível sem a Publicidade que na maior parte das vezes não é outra coisa senão o discurso manipulador que confunde os consumidores, persuadindo-os.
http://www.seronline.pt/default.aspx?canal=41&artigo=122






Atividade:

1. Veja o vídeo e construa um texto que explique a história tendo por base a  forma como nela é representada a relação entre o indivíduo e a sociedade.

domingo, 6 de outubro de 2013

As pessoas e as coisas

Texto 1/ As pessoas e as coisas
Não tratamos o ser humano como tratamos as coisas.
Quer se queira quer não, é um dado histórico que o contributo do cristianismo para a noção de pessoa e de que todo o ser humano é pessoa foi fundamental. Repare-se que tanto na Grécia como na Roma antigas, ser humano e pessoa não eram sinónimos. De facto, só os cidadãos livres eram sujeitos de
plenos direitos e deveres; as mulheres, os escravos e as crianças, embora pertencentes ao género humano, não eram pessoas livres, gozando de plenos direitos. Como mostrou o filósofo Zubiri, "a introdução do conceito de pessoa na sua peculiaridade foi obra do pensamento cristão": o cristianismo afirmou e afirma que todo o ser humano - homem, mulher, escravo, deficiente... - é pessoa, com dignidade inviolável, porque é filho de Deus.
Kant refletirá, concluindo que nenhum ser humano pode alguma vez ser tratado como simples meio, pois é fim em si mesmo; as coisas são meios e, por isso, têm um preço - o homem, porque é fim, não tem preço, mas dignidade.
Quando pensamos na pessoa, encontramos momentos essenciais para a sua compreensão.
A pessoa é um indivíduo, mas não podemos ignorar que também uma árvore ou um carro são indivíduos. A diferença está em que um carro, por exemplo, é substituível; uma pessoa - pensemos num amigo -, não. A pessoa tem carácter de unicidade, é única, insubstituível, não permutável.
A pessoa é sujeito, isto é, autopossui-se, subsiste em si. O sujeito é, em última análise, "o eu pessoal enquanto sujeito". Mas isto não significa isolamento, pois o eu existe sempre em relação e no vínculo com outros eus e em correlação com os objectos.
Portanto, o homem é sujeito em intersubjectividade no mundo.
A pessoa é um eu, centro pessoal autoconsciente, idêntico. Mas não é sem o tu. Deve mesmo dizer-se que o tu precede o eu. De facto, antes de a criança saber que é, o que é e quem é, "é convocada à comunhão de rostos que a olham, de mãos que a acariciam, de palavras que a interpelam e a amam, as mesmas que a trouxeram à existência. Somos porque fomos amados. Por isso, a pessoa é o ser da palavra e do amor: dizemos algo sobre as coisas, mas falamos com as pessoas".
Anselmo Borges
www.dn.pt - 10/09/11
_______________________
"a pessoa é o ser da palavra e do amor: dizemos algo sobre as coisas, mas falamos com as pessoas"
_______________________
Intersubjectividade - relação entre sujeitos. A experiência humana do mundo diz-se intersubjectiva porque os seres humanos estão constantemente em estreita convivência, pelo que não são ilhas isoladas, mas seres de relação.
___________________________
Texto 2/ Características fundamentais da Pessoa
"O termo "pessoa" designa o ser humano enquanto sujeito moral. E ser um sujeito moral significa possuir consciência moral, isto é, ser capaz de discriminar claramente entre o que é o bem e o que é o mal, o que é justo e o que é injusto, o que deve e o que não deve fazer.
E. Mounier desenvolve a sua concepção de pessoa a que atribui os seguintes traços caracterizadores:
1º Singularidade - As pessoas têm uma realidade interior que as faz ser aquilo que são. Para além do aspecto físico e dos comportamentos que executam e em que manifestam influências da exterioridade social, cada ser humano tem uma identidade, isto é, um núcleo substantivo particular e permanente que constitui propriamente o seu eu. É esta singularidade ou identidade que distingue cada pessoa de todas as demais.
2º Dignidade - A pessoa é um valor incomensurável. Ela ocupa o lugar cimeiro no conjunto dos seres do universo, não se submetendo em dignidade a nenhum deles. Diferentemente dos outros seres, que apresentam graus relativos de valor, a pessoa é a mais elevada forma de existência e tem valor absoluto.
3º Liberdade - Ser homem é ser livre. Ainda que condicionada, a liberdade é um elemento constitutivo da pessoa. Os condicionalismos não podem ser vistos como limites, antes como um espaço em que o ser humano se situa para exercer a sua autonomia.
4º Abertura - A singularidade da pessoa não invalida o seu constante diálogo com os outros. A pessoa é um ser aberto, tendo a possibilidade de sair de si em direção ao outro, de adoptar as suas perspectivas e comungar os seus pontos de vista. Os outros não são um entrave relativamente ao eu, mas uma possibilidade de crescimento.
5º Proximidade - A pessoa estabelece com os outros indivíduos um vínculo de proximidade, sentindo-se solidária e manifestando-lhe simpatia e amizade. Sendo solidária, a pessoa irmana-se, dá-se aos outros.
6º Compromisso - A identidade da pessoa forma-se pelas convicções que tem, pelos deveres que assume e pelas promessas partilhadas e em que investe a sua liberdade.
7º Crítica - A pessoa dispõe de uma dimensão crítica com que avalia os mais diversos aspectos da vida, procurando transformá-la de acordo com aquilo em que acredita."
In Um outro olhar sobre o mundo, Manual de Filosofia  10º ano.
_________________________________
Atividades:
1. Construa um mapa conceptual do texto 2.
2. O que é que distingue as pessoas das coisas?
3. Explique a frase sublinhada no texto 1.
_________________________________
Correcção:

1.  




2. Em primeiro lugar as pessoas são insubstituíveis enquanto que as coisas são substituíveis. A individualidade das pessoas é muitíssimo mais profunda do que a individualidade das coisas: um automóvel do mesmo modelo é um indivíduo (um ser individual) porque é diferente em número dos outros, podendo ter algumas características que o diferenciam, mas se ficar danificado em resultado dum qualquer acidente, pode facilmente ser substituído por outro carro semelhante.
Já no caso das pessoas não é isso que se passa: se do referido acidente resultarem vítimas mortais, nesse
caso as pessoas não poderão ser substituídas, nada nem ninguém poderá ocupar o seu lugar.
Isto porque as pessoas são únicas, possuem singularidade: cada pessoa tem uma personalidade que é diferente da personalidade de qualquer outra pessoa que tenha existido no passado, que exista no presente e que venha a existir no futuro. Essa personalidade não difere apenas em número, mas distingue-se das outras porque é o reflexo duma mente autoconsciente, capaz de conhecer o mundo à sua volta, de pensá-lo e de agir nele de forma livre e responsável.
É daí que vem a dignidade da pessoa. As coisas geralmente têm um preço e podem ser-lhes atribuídos valores, isto porque as coisas podem ser comparadas e avaliadas, porque têm uma dimensão estritamente material. Já a pessoa tem uma dimensão espiritual (é racional e autoconsciente) pelo que é incomparável não só em relação às coisas, mas, também, em relação às pessoas. Cada pessoa é, neste sentido, um ser supremo, um ser que está acima de qualquer valor ou preço. Pode-se dizer que a pessoa não tem valor ou preço que lhe possam corresponder. Nenhuma pessoa é mais ou menos (pessoa) do que outra. A maior parte das distinções que fazemos entre as pessoas são preconceituosas e assentam numa confusão que não deveria existir: confundimos as pessoas com as coisas. 
Segundo Kant a pessoa é um fim em si mesmo: a pessoa é um ser livre, racional, capaz de ser autónomo - a autonomia é a capacidade de sermos independentes da vontade dos outros, de podermos assumir a responsabilidade por aquilo que somos, fazemos e projectamos. Nós podemos investir em nós próprios, na nossa valorização enquanto pessoas: temos os nossos sonhos e projectos e podemos querer ser cada vez melhores. Por isso nenhuma pessoa pode ser usada como meio para alcançar os fins doutra pessoa (ou de outras pessoas).
A escravatura assentava na negação da dignidade da pessoa e na redução desta ao estatuto de mera coisa. 

sábado, 5 de outubro de 2013

Tema - Problema 1.2 - Introdução


Começamos o nosso percurso na disciplina de Área de Integração com um tema muito interessante: a Pessoa, na sua relação com a Cultura.
Não poderíamos ser pessoas se não fôssemos membros duma sociedade dotada de valores, costumes, saberes, práticas quotidianas, de uma língua portadora de significados...
Nós não nascemos (só) no momento do parto: participamos de uma história de biliões de anos, somos membros de uma espécie que evoluiu a partir de seres unicelulares muito primitivos até se tornar a espécie dominante sobre a Terra; desenvolvemo-nos dentro do útero materno, repetindo as principais etapas da evolução da nossa espécie; nascemos um dia com um conjunto vastíssimo de possibilidades, uma vez que aquilo que somos hoje não nasceu connosco, é o resultados de tudo o que nos aconteceu, conjugado com as possibilidades que nos são dadas pelos nossos genes.
Muitos desses acontecimentos dependeram de escolhas, conscientemente assumidas, das pessoas que nos educaram e, também, nossas, porque em grande parte um ser humano escolhe-se, é o resultado das suas escolhas ao longo da sua vida.
Sermos uma pessoa significa isto mesmo: temos a capacidade de pensar (aquilo a que se chama Razão) e somos livres de escolher o que queremos pensar, dizer e fazer. Por muito que a sociedade e as nossas condicionantes físicas limitem a nossa capacidade de escolha, podemos sempre escolher, por mais difícil que isso possa vir a ser.
Por isso se diz que a Pessoa tem uma dimensão Ética, é capaz de assumir a responsabilidade por si e pelas suas escolhas. As Pessoas não são meras coisas, são seres livres com a capacidade de se tornarem independentes da vontade das outras pessoas e capazes de conviver ajudando a promover a felicidade própria e alheia. A isto chama-se autonomia: a capacidade de assumirmos o controlo da nossa vida, sem desculpas ou subterfúgios.
A Pessoa caracteriza-se, basicamente, por ter consciência de si (é autoconsciente) e por poder pensar e decidir de forma coerente e ponderada (é isto que significa ser racional). No texto "o que é uma pessoa?" encontramos esta definição de pessoa ("uma pessoa é um ser racional e autoconsciente") bem como uma série de "indicadores de humanidade" propostos por J. Fletcher e que nos permitem compreender o conceito de Pessoa duma forma mais integral: a autoconsciência e a racionalidade manifestam-se em todas as áreas da nossa existência. É por termos consciência de nós próprios que podemos ter uma consciência alargada da temporalidade (talvez seja ao contrário, mas não vamos agora problematizar isso), somos capazes de nos lembrar do passado e de nos projectar no futuro, fazemos planos, avaliamos o que fizemos e propomo-nos a fazer alterações no futuro para que não repitamos os mesmos erros. E tudo isto só faz sentido se formos capazes de interagir com as outras pessoas, compreendendo as suas motivações e procurando comunicar com elas de forma cada vez mais profunda. O sermos capazes de nos preocupar com os outros é importantíssimo, porque se formos egocêntricos perdemos o sentido da pertença a uma comunidade de seres livres, para nos encerrarmos na prisão das nossas frustrações e dos nossos desejos sem possibilidade de satisfação. Só o que sonhamos com autenticidade pode vir a satisfazer-nos e só podemos ser autênticos se vivermos uma vida de convivência fraterna com as pessoas que connosco partilham objectivos de vida e sonhos de longo alcance.
A nossa humanidade é recebida dos outros humanos que connosco vivem uma vida humana. Vivemos numa sociedade que tem uma cultura que nos é inculcada mesmo antes de nascermos (por exemplo, no útero já ouvimos a língua da nossa mãe, por isso se chama 'língua materna',). Chama-se enculturação a este processo através do qual somos introduzidos na cultura da nossa sociedade, trata-se duma componente fundamental da socialização: nós nascemos numa sociedade, mas não vimos ao mundo já prontos a viver nela, temos que ser socializados, ou seja, temos que aprender tudo o que é necessário para sermos humanos numa sociedade humana: aprendemos a falar, a andar, a conviver, a respeitar as regras, a ler, a assumirmos os papéis que nos forem sendo exigidos ao longo da nossa vida. E só podemos aprender a ser humanos entre humanos. A nossa humanidade foi-nos dada pelos humanos que nos criaram e com quem convivemos até agora.
Neste sentido somos muito diferentes de grande parte das outras espécies animais: aquilo que somos depende, em parte, da hereditariedade, mas o meio sócio-cultural desempenha um papel fundamental no nosso desenvolvimento. O que seria se nos desenvolvêssemos apenas de acordo com as nossas potencialidades genéticas, sem o meio humano em que crescemos? O que seríamos sem a cultura?
Podemos ter uma ideia aproximada disso observando  comportamento do menino selvagem. Sem ter passado pela socialização (pela educação), desenvolveu um comportamento animal sem qualquer vestígio dos indicadores de humanidade de Fletcher. Neste sentido Victor quando foi capturado num bosque em 1798 era um ser muito menos desenvolvido que os gorilas, os chimpanzés e os restantes primatas superiores, os grandes símios, nossos primos na grande família dos seres vivos que tem por casa o planeta Terra.
Fotografia dum macaco a ver a sua imagem num espelho.Em certo sentido os grandes símios possuem, de forma menos desenvolvida, os indicadores de humanidade a que já nos referimos: podem ter consciência de si próprios, vivem em grupo, comunicam de forma complexa (podem até aprender a linguagem gestual dos surdos-mudos), têm consciência do passado e do futuro, preocupam-se com os seus semelhantes, são seres curiosos. Podemos levantar a hipótese de serem pessoas não humanas. Não são seres humanos, mas serão pessoas à sua maneira, dentro das suas possibilidade, devendo, por isso ser respeitados na sua dignidade.
Os golfinhos foram, em agosto de 2013, considerados como pessoas não humanas pelo governo da Índia e muitos cientistas consideram que o mesmo se deve aplicar aos restantes cetáceos. A ser verdade que os cetáceos são pessoas (não humanas) a pesca à baleia deveria ser banida de forma definitiva.
Mas esta mudança de olhar em relação aos direitos dos animais mais inteligentes (e não nos podemos esquecer de que todos os animais têm a capacidade de sentir prazer e dor e, por isso, o seu bem-estar deve ser uma preocupação constante dos seres humanos) parece ainda muito distante ao vermos a forma desumana com que os seres humanos se tratam uns aos outros.


Trabalho de grupo sobre a Arte

O que é a arte by paulofeitais on Scribd                            Teorias estéticas from Paulo Gomes Trabalho de grupo:...