domingo, 10 de janeiro de 2016

A Cultura



Considerações iniciais:
Certamente, a mais antiga e mais recente obra do homem é a cultura. Desde que existe como espécie até ao estádio atual da sua evolução, ele jamais deixou de produzir [cultura]. O uso das cavernas para abrigar-se das intempéries climáticas, os desenhos e pinturas feitos nas paredes desses abrigos, a fabricação de ferramentas primitivas, a descoberta de um pedaço de madeira como arma, o cultivo do solo para alimentar-se, a produção industrial automatizada, a construção de grandes edifícios, de antigas pirâmides, a realização de uma grande obra literária, a nave que vai ao espaço, o coração, o rim, o fígado e a córnea transplantados, a criação da democracia, o telefone, a televisão e o livro são algumas realizações do homem. Tudo isso é cultura. A culinária e a religião são, também, produtos da cultura humana.
Só os sentimentos não são uma criação do homem. São algo inato nele. Mesmo assim, há diversas formas de se manifestar um sentimento. A vida e a morte são celebradas de formas diferentes de uma civilização para outra. 
A cultura, enfim, é indefinível. Mas é a única obra perene do homem. Sem essa grande obra, o que seríamos? Não é possível imaginarmos o nosso destino. Por isso, viva a bússola, viva a escrita e viva o papel. Eles orientaram o homem para o caminho certo: o caminho da comunicação. Nesse caso, viva o gesto também. Enfim, que viva o homem, para continuar a criar a sua obra eterna: a cultura.

Conceito de cultura:
O termo cultura possui hoje diversos significados. Para se ter ideia da sua abrangência, estudiosos de diferentes áreas do conhecimento como a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, por exemplo, já dedicaram parte do seu trabalho ao estudo específico do termo sem, no entanto, chegarem a um consenso. Originalmente, esta expressão vem do latim - colere – e significa cultivar. Com os romanos, na Antiguidade, a palavra cultura foi usada pela primeira vez no sentido de destacar a educação aprimorada de uma pessoa, o seu interesse pelas artes, pela ciência,  pela filosofia, enfim, por tudo aquilo que expressa o desenvolvimento mais completo da pessoa humana. Sendo assim a abrangência do termo tornou-se, com o tempo, cada vez maior, sendo aplicado nas mais diversas situações, ou seja, desde o plantio de um produto agrícola, do cultivo da pesca, criação de animais etc., até o trabalho científico realizado por pesquisadores das Universidades. A todas essas atividades, portanto, podemos aplicar o termo cultura.
Apenas para ilustrar, no Novo Dicionário de Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, aparecem nada menos que oito conceitos diferentes de cultura. De todos, vale a pena destacar o terceiro, que parece ser o mais abrangente e o mais completo – cultura é:
“O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade; civilização: a cultura ocidental.”
Assim, e conforme o conceito explanado acima – o que podemos entender por cultura? Cultura, quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa pela investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de comportamento, sistema de crenças, que são característicos de cada sociedade. Por outras palavras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja ele atrasado ou desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma idêntica aos demais. Poderá haver, isso sim, algumas semelhanças. O monoteísmo, por exemplo, torna semelhantes às sociedades os povos que acreditam num só deus. Mas há muitas diferenças que persistem. A forma de cultuar esse deus, o seu significado, o que ele representa, enfim, todo o sistema de crenças é diferente de um povo para outro.
Em Portugal, as mesmas formas de conduta e os padrões culturais mudam nitidamente de uma região para outra, embora formalmente haja unidade cultural determinada principalmente pela unicidade do idioma português e da religião católica. 
O facto significativo, no entanto, é sabermos que nunca encontraremos duas comunidades com culturas iguais. É preciso notar que a sociedade é formada por um contingente organizado de pessoas, regidas pelo mesmo conjunto de normas e leis, que de alguma forma aprenderam a viver e a trabalhar juntas para a própria manutenção dessa sociedade. Uma cultura, por outro lado, é também um grupo organizado de padrões culturais, normas, crenças, leis naturais, convenções, entre outras coisas, em constante processo de transformação. 
Até porque a própria dinâmica da cultura, o seu processo de transformação, permite, ao longo do curso da história, a aquisição de novos elementos e o abandono (quase sempre por desuso) de outros. Esse fenómeno é universal e tem influências nos costumes de qualquer sociedade. Com o advento dos meios de comunicação de massas, vamos notar que esse processo, em parte, tende a homogeneizar-se.
http://www.cafecomsociologia.com/2011/02/cultura-e-diversidade-cultural.html

"O Cidadão Norte-Americano - texto sobre a cultura e a globalização



O cidadão norte-americano

“O cidadão norte-americano acorda numa cama construída segundo um padrão originário do Médio Oriente, mas modificado na Europa do Norte, antes de ser transmitido à América. Na cama  cobre-se com lençóis feitos de algodão, cuja planta se tornou cultivável na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro  cultivados e domesticados pela primeira vez no Médio Oriente; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Médio Oriente. Ao levantar-se da cama faz uso dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra na casa de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é um vestuário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquista que parece provir dos sumérios ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão apanha as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças do seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nómadas das estepes asiáticas; os seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xailes usados aos ombros pelos croatas do séc. XVII. Antes de ir tomar o seu ‘breakfast’, ele olha para a rua através da janela feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver a chover, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e pega um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. O seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
De caminho para o café da esquina para tomar o pequeno almoço, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da antiga Líbia. No café, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo foi inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu pequeno almoço, com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com leite e açúcar. A domesticação do gado bovino e a ideia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Médio Oriente, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm os waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria prima o trigo, que se tornou planta agrícola na Ásia Menor. Como prato adicional talvez coma o ovo de alguma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no norte da Europa.
Acabando de comer, o nosso amigo recosta-se para fumar, hábito difundido pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for um grande fumador, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha.”
Ralph Linton, O homem: Uma introdução à antropologia. 3ed. , São Paulo, Li vrar ia Mar t ins Editora, 1959. Citado em LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ed. , Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor , 2003, p.106-108

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