domingo, 27 de setembro de 2015

Invictus



Texto 1
Invictus

De dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que possam existir
pela minha alma indomável

Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
A minha cabeça sangra, mas continua erguida

Para lá deste lugar de lágrimas e ira,
Nada mais se vê que os horrores da sombra.
Mas mesmo assim a ameaça dos anos,
Encontra-me e encontrar-me-á, sem medo.

Não importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino:
Eu sou o capitão de minha alma.
William Ernest Henley
Texto 2
Introdução ao filme ‘Invictus’

“Durante o tempo em que esteve na prisão de Robben Island, Nelson Mandela encontrou no poema "Invictus", a força necessária para continuar vivo e manter acesa a chama da luta contra a desigualdade instituída pelo regime do Apartheid.
Escrito pelo poeta inglês William Ernest Henley em 1875, o poema foi o grande companheiro de Mandela na pequena cela 4 da ala B de Robben Island. Condenado a trabalhos forçados, foi na cadeia localizada numa ilha a 11 quilómetros da Cidade do Cabo, que o líder da luta contra o Apartheid passou 18 dos 27 anos que esteve preso. Mandela contou que, cada a vez que fraquejava, lia e relia o poema para aplacar o sofrimento e encontrar forças para seguir em frente.
‘Invictus’ também é o título do filme realizado por Clint Eastwood, que conta a história da conquista do título mundial de Rugby pela seleção da África do Sul durante o Campeonato Mundial realizado naquele país. Durante a competição, Mandela entrega o poema ao capitão da seleção sul-africana, para motivá-lo a ganhar a competição. O então presidente percebia que a vitória poderia unir o país, que ainda enfrentava a segregação racial.”
Texto copiado daqui









Texto 3
Comentário do filme ‘Invictus’
"O amor da democracia é o da igualdade."
Barão de Montesquieu

Vi novamente o filme "Invictus" (2009), uma história real sobre o início do governo de Nelson Mandela. Confesso que me emocionei tanto quanto da primeira vez. Este filme é baseado no livro "Conquistando o Inimigo" de John Carlin. O "inimigo" de Mandela neste caso era a poderosa minoria "branca" da África do Sul.
Ouvimos muito sobre o regime do Apartheid, mas vendo o filme, ele ganha uma nova dimensão e conseguimos parcialmente imaginar o quão desafiador o trabalho do Presidente Nelson Mandela foi, especialmente logo após ser eleito. Ele teve que encarar o desafio de implantar um regime democrático num país completamente dividido e à beira de uma guerra civil.
Através do rugby, Mandela inicia algo aparentemente impossível: estabelecer a união de uma nação tão dividida e aparentemente "diferente".
Algumas frases do Mandela ecoaram na minha alma e espero poder um dia viver como ele, sem mágoa em relação aos que o prejudicaram (esteve 27 anos preso) e principalmente sem nunca desistir dos seus sonhos e desafios.
O Apartheid (‘separação’) foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pela minoria branca. A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor", e "indianos").
Nessa altura, o governo segregou a saúde, a educação e os outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos.
O apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos levaram à repressão violenta da oposição e à detenção de líderes anti-apartheid.
Reformas no regime durante a década de 1980 não conseguiram conter a crescente oposição, e em 1990 o presidente Frederik Willem de Klerk iniciou negociações para acabar com o Apartheid, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela.
Algumas palavras de Nelson Mandela:
“O perdão liberta a alma. Ele remove o medo. Por esta razão é uma "arma" tão poderosa.”
"Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da sua pele, pela sua origem ou ainda pela sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam de aprender, e se podem aprender a odiar, também podem ser ensinadas a amar."

Texto copiado daqui

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Atividades:
(Trabalho de pares)
I – Com base nos textos desta ficha, elaborem uma reflexão crítica sobre o filme ‘Invictus’, desenvolvendo os seguintes tópicos:
  a) A importância da igualdade em democracia;
  b) a necessidade da luta contra o racismo e todas as formas de intolerância;
  c) o exemplo de Nelson Mandela;
  d) uma análise do poema ‘Invictus’;
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Como fazer?

Uma reflexão crítica é um texto em que se faz a análise de um documento, experiência ou situação, com o objetivo de retirar daí um conjunto de ensinamentos que possam enriquecer os conhecimentos do autor da reflexão e dos seus leitores. Não se trata de procurar os pontos negativos do que se pretende analisar, mas encontrar aí ideias (problemas, conceitos teses, argumentos, factos) que possam ser explorados de forma autónoma e coerente.
O autor da reflexão deve dar a sua opinião sobre os elementos sujeitos a análise, com vista a mostrar qual o seu ponto de vista sobre esses elementos, procurando questionar-se sobre os temas mais importantes para conseguir explicitar o seu pensamento sobre o objecto da sua reflexão crítica.
Assim, a reflexão crítica pode ter a seguinte estrutura:
                  1. Introdução: breve apresentação daquilo que é objeto da reflexão crítica (neste caso, o filme). Deve ficar explícito o tema central (e/ou problema central) do objeto de reflexão. E deve ser feita uma descrição breve do mesmo.
            2. Análise dos conceitos que estão presentes no objeto da reflexão. Esses conceitos devem ser definidos, se possível com recurso a dicionários, 
             3. Problematização: devem levantar-se questões sobre os conceitos e a forma como eles são apresentados.
            4. Argumentação: deve responder-se às questões tendo em conta os dados recolhidos pela análise do objeto da reflexão (o filme), bem como a opinião do autor da reflexão, fundamentada com argumentos coerentes.
             5. Conclusão: síntese final do pensamento desenvolvido nos pontos 3 e 4.

Download da Ficha 01 (em PDF)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Situação/problema: O drama dos refugiados


Para saber mais:

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O drama dos refugiados 

1. Ninguém pode ignorar. As imagens são trágicas, de horror: homens, mulheres, crianças, a correr ou encurralados, fugindo da morte e em busca de um sítio para a esperança. E sabe-se que não se pode ficar indiferente e que é preciso agir. Em nome de quê? Em nome da humanidade que a todos une, independentemente de culturas, línguas, religiões diferentes. Em nome de valores fundamentais que definem a Europa: a dignidade, a solidariedade, os direitos humanos. Em nome das raízes cristãs.<...>
"O homem é rácio-emocional"
2. O homem é rácio-emocional: afectivo, movido por emoções, mas, ao mesmo tempo, racional, devendo conduzir-se pela razão. A razão sozinha pode ser cruel, mas a simples bondade emotiva, sem inteligência, pode levar a problemas maiores e a becos sem saída.
Naquilo que nos ocupa, isto significa que não basta o sentimento. Assim, é uma lástima que a Europa seja incapaz de unir-se para encontrar solução para este problema gigantesco dos refugiados e dos fluxos migratórios, que só pode ser minorado dentro de uma política comum e na colaboração dos Estados, da sociedade civil, de organizações religiosas, como pediu <o Papa> Francisco. Exige-se generosidade e competência e eficiência, mas acompanhadas da necessária lucidez. <...> A política de acolhimento de refugiados e outros não pode dar azo ao incremento da extrema-direita política, com incitamentos racistas e xenófobos. Aí está a necessidade de atacar os traficantes de pessoas e a atenção a possíveis infiltrações jihadistas. <...> Será preciso atacar e destruir com a força das armas, no terreno, o bárbaro e intolerável autoproclamado Estado Islâmico.
3. Somos inocentes em relação a esta tragédia? Claro que não. <...> Lembro apenas o que sucedeu mais recentemente com a insensatez das guerras no Iraque e na Líbia, levadas a cabo pelos Estados Unidos e a Europa. Como escreve o filósofo Bernardo P. Andreo, estas são as causas próximas da tragédia. A Guerra do Iraque "desestabilizou a precária situação de paz da zona conseguida ao longo de décadas. Tratava-se de uma paz imposta e mortal para muitas pessoas. Um rosário de regimes ditatoriais impunham-se na zona, mas garantiam que a barbárie não se estendesse. Assim, Afeganistão, Paquistão, Irão, Iraque, Síria e Jordânia eram regimes estabilizados que exerciam um nível de violência contido. A intrusão dos Estados Unidos fez voar pelos ares aquele equilíbrio instável e abriu a caixa das abominações." A guerra contra a Líbia foi "outra conta deste rosário de barbárie. Kadhafi passou de o amigo do Ocidente, que todos acolhiam, ao diabo em pessoa", seguindo-se a atomização da zona em grupúsculos apoiados nas armas que o Ocidente entregou aos grupos hostis ao regime. E há a Síria.
Mas também é preciso dizer que a Europa e o Ocidente não são os responsáveis por todos os males do mundo. Assim, por exemplo, há quem pergunte, com razão, porque é que os refugiados, na sua maioria muçulmanos, não procuram para refúgio também países islâmicos ricos da região, como a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos, o Koweit... E porque é que o KAICIID não tem a sua sede em Riade, por exemplo.
4. Como escreveu o teólogo José Ignacio González Faus, a pensar nos fluxos migratórios, trata-se de um "problema insolúvel": "Porque nem nós podemos acolher ao mesmo tempo milhões de imigrantes nem eles podem deixar de emigrar, dadas as suas condições de vida e as nossas." Mais uma razão para agir segundo a razão na próxima Cimeira Ambiental da ONU, em Paris, "porque os entendidos prognosticam uma terceira onda migratória, devida à mudança climática que afectará sobretudo os países do Sul".
Anselmo Borges 19/09/2015
http://www.dn.pt

Ficha m01.01 - Ficha trabalhada em aula (versão PDF)
Ficha auxiliar: O que são problemas ? Como se resolvem problemas









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A diversidade cultural e o diálogo de culturas




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O que é a cultura?
O homem como produto e produtor da cultura
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Multiculturalismo


As vivências dos indivíduos em diferentes contextos sociais, com as suas hierarquias de valores, com a sua cultura própria colocam sérias dificuldades de convivência intercultural. Porém, por razões particulares, acontece que pessoas de espaços culturais diversos são muitas vezes obrigadas a relacionar-se e a ter de conviver.

Fala-se de multiculturalismo ou diversidade cultural para designar este fenómeno, o qual tem vindo a merecer a atenção de inúmeros investigadores. Entre eles, uns preocupam-se com a descrição e análise das diferenças culturais entre os povos que habitam regiões distintas do globo; outros analisam o facto de, num mesmo espaço social, pessoas com culturas diferentes terem de lidar umas com as outras.

Devido à emigração, é possível num país, ou mesmo numa cidade, a existência de diversos núcleos culturais. 
Acrescente-se ainda a existência de grupos sociais que, por inúmeras razões, se sentem marginalizados pelos elementos da sociedade, como é o caso dos deficientes, dos idosos, dos homossexuais e de outros.



Atitudes face à diversidade cultural

Perante a existência de seres humanos com normas e hábitos culturais diferentes, as pessoas podem assumir atitudes e condutas muito variadas. Mencionaremos algumas dessas atitudes: etnocentrismo, relativismo cultural e interculturalismo.


Etnocentrismo

Incluem-se aqui as pessoas que observam as outras culturas em função da sua própria cultura, tomando-a como padrão para valorar e hierarquizar as restantes. Desta atitude podem, de imediato, resultar duas consequências:

• Incompreensão em relação aos aspectos das outras culturas, pois o etnocentrista é incapaz de aceitar os que não adoptam modos de vida semelhantes aos seus.
• Aumento da coesão dos elementos do grupo e do sentimento de superioridade em relação aos elementos das culturas com que têm de coexistir.

Para preservar os traços da sua cultura, o etnocentrista pode assumir posturas negativas, entre as quais se contam:
Xenofobia, ou seja, ódio em relação aos estrangeiros.
Racismo, isto é, repúdio violento de determinados grupos étnicos.
Chauvinismo, quer dizer, patriotismo fanático.


Relativismo cultural

Para além dos etnocentristas, há outras pessoas que perspectivam as outras culturas a partir dos valores por que se regem e não dos valores das culturas em causa. São os defensores do relativismo cultural.
Porém, afastam-se dos etnocentristas ao recomendarem a tolerância face as diferentes expressões culturais  das outras comunidades.
Esta tolerância, sendo aparentemente uma atitude positiva, manifesta alguns aspectos negativos:

• a proclamação dos respeito e tolerância pelas outras culturas encerra a ideia de que cada cultura deve promover os seus próprios valores, ficando fechada em si própria.
• Não incentivando a abertura aos modelos das outras comunidades, os defensores do relativismo não promovem, antes dificultam, o diálogo entre culturas.

Neste sentido, os relativistas não escapam a certos riscos. Entre eles, anotam-se os seguintes:

Racismo
Embora proponham o respeito pelos modos de vida de todos os povos, os relativistas estão a preservar a sua própria cultura. A melhor forma de as pessoas se preservarem consiste em não se misturarem. Daí não serem adeptos do diálogo cultural.


Isolamento
Apesar da tolerância, o relativismo promove a separação entre culturas, não manifestando interesse em estabelecer contacto com povos diferentes. A defesa de que cada ser humano deve ficar no seu país e viver segundo a sua cultura acaba por ser, muitas vezes, um modo de justificar a proibição da entrada de imigrantes.

Estagnação 
Há uma visão estática das culturas, considerando que o importante é manter
as tradições. Certamente que é bom manter as tradições para conservar a memória colectiva; porém, a cultura é algo de vivo que se deve adaptar a novas circunstâncias e, para isso, os contactos entre culturas são altamente enriquecedores. Esta é a perspectiva adoptada pelos defensores do interculturalismo.


Interculturalismo

Este movimento tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, superando as falhas do relativismo cultural, ao defender o encontro, em pé de igualdade, entre todas elas.

O interculturalismo propõe-se promover os seguintes objectivos:
• Compreender a natureza pluralista da nossa sociedade e do nosso mundo.
• Promover o diálogo entre culturas.
• Compreender a complexidade e riqueza da relação entre as diferentes culturas, tanto no plano pessoal como no comunitário.
• Colaborar na busca de respostas aos problemas mundiais que se colocam nos âmbitos social, económico, político e ecológico.

Dado que não se pode considerar que qualquer cultura tenha atingido o seu total desenvolvimento, o diálogo entre povos de diferentes culturas é o meio de possibilitar o enriquecimento mútuo de todas elas. O interculturalismo propõe, assim, que se aprenda a conviver num mundo pluralista e  se respeite e defenda a humanidade no seu conjunto. 


O diálogo entre culturas (Interculturalismo)

O diálogo entre culturas corresponde a uma exigência do nosso tempo, dada a necessidade de dar respostas comuns a desafios que se colocam a toda a humanidade. Para o levar a cabo é necessário, contudo, ter como base um conjunto de valores morais partilhados, entre os quais se evidenciam os seguintes:
• Salvaguarda dos direitos humanos.
• Apreço pela liberdade, igualdade e solidariedade.
• Respeito pelas diferenças culturais.
• Promoção de uma atitude dialogante.
• Implementação de um tolerância activa.

Estes mínimos morais são os alicerces para a construção de uma “civilização mundial”. Tal civilização será obra de todas as culturas e raças e terá de ser edificada através de um diálogo intercultural sério e frutífero. 
(No ficheiro não não é indicado o nome do(s) autores(s))



A aculturação


O conceito de aculturação
Aculturação é um termo criado inicialmente por antropólogos norte-americanos para designar as mudanças que podem acontecer em uma sociedade diante de sua fusão com elementos culturais externos, geralmente por meio de dominação política, militar e territorial. Porém, segundo o historiador francês Nathan Watchel, aculturação é todo fenómeno de interação social que resulta do contato entre duas culturas, e não somente da sobreposição de uma cultura a outra.

Já Alfredo Bosi, em Dialética da colonização, afirma que esse fenómeno provém do contacto entre sociedades distintas e pode ocorrer em diferentes períodos históricos, dependendo apenas da existência do contacto entre culturas diversas, constituindo-se, assim, um processo de sujeição social de uma sociedade a outra.

A maioria dos autores acreditam que a aculturação é sempre um fenómeno de imposição cultural.

Trata-se,também,  de aculturação quando duas culturas distintas ou parecidas são absorvidas uma pela outra, formando uma nova cultura diferente. Além disso, aculturação pode ser também entendida como a absorção de uma cultura pela outra, onde essa nova cultura terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida. Um exemplo é o Brasil que adquiriu traços da cultura de Portugal, da África, que juntamente com a cultura indígena formaram a cultura brasileira.

Com a crescente globalização, um novo entendimento de aculturação vem-se tornando um dos aspectos fundamentais na sociedade. Pela proximidade a grandes culturas e rapidez de comunicação entre os diferentes países do globo, alguns autores sustentam que cada cultura está a perder a sua identidade cultural e social, aderindo em parte a outras culturas. Um exemplo disso são elementos da cultura ocidental que são cada vez mais homogéneos em muitos países distintos. Mesmo assim a aculturação não tira totalmente a identidade social de um povo, crendo-se que talvez no futuro não exista mais uma diferença cultural tão acentuada como a aquela que hoje ainda se observa, em especial entre o Oriente e o Ocidente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O mito de Prometeu


Estátua do escultor José Rodrigues (Universidade do Minho)

A Criação do Homem: O Mito de Prometeu, Epimeteu e Pandora

A história da criação do homem iniciou-se com o titã Epimeteu quando este criou todos os seres da Terra e a cada um atribuiu uma característica específica. Quando Epimeteu criou o homem da argila, já não sabia que atributo mais dar à sua mais nova criatura que pudesse diferenciá-la das demais espécies, pelo que pediu ajuda ao seu irmão, o titã Prometeu, para que o ajudasse nesta escolha tão delicada e difícil.
Conta o povo grego antigo que o titã Prometeu – ‘aquele que prevê o futuro’ - roubou de Hélio, deus do Sol, a chama que daria o sopro da inteligência ao ser humano. A intenção de Prometeu, ao ajudar o irmão, atribuindo a inteligência ao homem, era que este ajudasse Gaia, a deusa Terra, a cuidar de toda a criação.
No princípio do mundo, o ser humano era imortal e assexuado, portanto, não era motivo de preocupação para os deuses. Porém, ao receber tal atributo, o homem passou a comandar os demais seres da Terra e isso não agradou nada a Zeus, o pai dos deuses. 
Bastou isso para que Zeus tomasse uma decisão: castigar severamente Prometeu por dar aos homens o fogo e a inteligência para manuseá-lo! E assim o fez. Sob as ordens do poderoso Zeus, Prometeu foi preso e condenado a ficar acorrentado sobre um penhasco onde, durante o dia, uma águia gigante vinha para lhe comer o fígado. Enquanto a ave rasgava as entranhas do titã, este sofria terríveis dores e os seus urros eram ouvidos muito além da montanhas mais altas e distantes da Grécia. Quando a noite chegava e a águia se ia embora, o fígado de Prometeu regenerava-se. E, ao amanhecer, tudo se reiniciava: a gigante águia voltava a devorar o fígado de Prometeu e o seu sofrimento recomeçava.
Prometeu sabia o que lhe aconteceria caso ajudasse Epimeteu, mesmo assim cumpriu o que havia dito. Antes, porém, entregou ao irmão uma caixa fechada e pediu-lhe que a guardasse de forma a que ninguém pudesse abri-la, pois nela estavam guardados todos os males que poderiam afligir a raça humana, inclusive o maior de todos os males, aquele que mataria a esperança nos corações humanos. 
Epimeteu – cujo nome significa “aquele que reflete tarde de mais” - escondeu a caixa a fim de impedir que aqueles males viessem a destruir sua criação.
Quando os homens começaram a devastar a Terra, os deuses ficaram extremamente revoltados, reuniram-se e resolveram criar a mulher perfeita, com todos os dons, para enviar a Epimeteu a fim de seduzi-lo. Por detrás desta atitude "aparentemente bondosa" dos deuses, porém, estava uma intenção extremamente cruel, já que Pandora (esse foi o nome que deram à primeira mulher) também herdara o dom da curiosidade. Pandora era muito especial! Mulher de todos os dons realmente! Recebera de cada deus um dom especial: Vênus deu-lhe a beleza; Mercúrio, a persuasão; Apolo, a música...
Epimeteu foi seduzido por ela assim que a viu e, sem refletir sobre o que estava a acontecer (o que era habitual nele), envolveu-se com Pandora e depois caiu num sono profundo. Foi neste momento que a mulher aproveitou para matar a curiosidade e descobrir o que havia dentro da caixa que o seu amante guardava com tanto zelo. Para sua surpresa, de repente, todos os males que poderiam ameaçar a vida da espécie humana sobre a fugiram de dentro daquela pequena caixa. Sentimentos como a inveja, o ódio, o ciúme, o despeito, a vingança, a intolerância; doenças como a pneumonia, o reumatismo, a hepatite;  pragas e desgraças; tudo começou a assolar a vida dos seres humanos! Quando o maior dos males se prestava a sair para acabar com o sentimento da esperança, Pandora, rapidamente, conseguiu fechar a caixa, evitando, assim, uma desgraça maior.
Esta foi a história contada pelos ancestrais gregos há mais de três mil anos para explicar a criação do homem e o caos em que ele vivia após desobedecer aos deuses a quem deveria manter-se fiel.
Eliene Percília (texto adaptado).
Texto copiado Aqui

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

10 G - Lição 1 e Lição 2

Lição 1 e 2
Sumário: Apresentação.
               Regras de funcionamento.
               Materiais da disciplina.
               Temas a explorar ao longo do ano.
               (Lição 2) Teste de diagnóstico.

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A marcação de falta de material implica que o aluno terá que sair da sala. (ver regras).

Manual 

No 10º Ano vão ser trabalhados os temas :
Módulo 1 - (Área temática 1); 4.1 (Área temática 4); 7.1 (Área temática 7) 
Módulo 2 -  (Área temática 1)   5.2 (Área temática 5); 8.3 (Área temática 8) 

Volumes do manual necessários para o 10º ano:

Área temática 1 - Vai ser usado no 12º ano - Módulo 6
Área temática 4 - Vai ser usado no 11º ano - Módulo 4
Área temática 5 -Vai ser usado no 12º ano - Módulo 6
Área temática 7 -Vai ser usado no 11º ano - Módulo 4
Área temática 8 - Vai ser usado no 12º ano - Módulo 6


Caderno (dossier para arquivar documentos - fichas, testes, etc.). 
O caderno é importante para registar os conteúdos das aulas e gerir a informação. Uma das principais causas de insucesso apontadas pelos alunos repetentes é não tirarem apontamentos das aulas. O caderno será objeto de avaliação (pode ser pedido a partir da lição 16).

Material de escrita.


Blogue de apoio à disciplina: aiesct.blogspot.pt

A identidade pessoal



O conceito de identidade pessoal
Grau de dificuldade: elevado
10º Ano, Módulo 1, Tema 1.2

Ao ser julgado por homicídio, o leitor decide defender-se a si próprio. Afirma não ser o assassino; o assassino e o leitor são pessoas diferentes. O juiz pede-lhe que apresente provas. Tem fotografias de um intruso com bigode? Não é verdade que as suas impressões digitais correspondem às que foram encontradas na arma do crime? Pode provar que o assassino é esquerdino? "Não", responde o leitor. A sua defesa será muito diferente. Eis as suas alegações finais:
Admito que o assassino é dextro, como eu, que tem as mesmas impressões digitais que as minhas e que não usa barba nem bigode, como eu. Até se parece exactamente comigo nas fotografias da câmara de vigilância apresentadas pela defesa. Não, não tenho um irmão gémeo. Na verdade, admito lembrar-me de ter cometido o homicídio! Mas eu e o homicida não somos a mesma pessoa, uma vez que sofri mudanças. A banda de rock preferida dessa pessoa eram os Led Zeppelin; agora prefiro Todd Rundgren. Essa pessoa tinha apêndice, mas eu não; o meu foi removido na semana passada. Essa pessoa tinha de vinte e cinco anos de idade; eu tenho trinta. Eu e esse assassino de há cinco anos não somos a mesma pessoa. Portanto, não podem punir-me, pois ninguém é culpado de um crime cometido por outra pessoa.
Como é óbvio, nenhum tribunal aceitaria este argumento. No entanto, o que tem de errado? Quando alguém sofre mudanças, física ou psicologicamente, não é verdade que "não é a mesma pessoa"?
Sim, mas a expressão "a mesma pessoa" é ambígua. Há dois sentidos em que podemos afirmar que duas pessoas são a mesma. Quando alguém se converte a uma religião ou rapa o cabelo, torna-se dissemelhante do que era antes. Digamos que, qualitativamente, não é mais a mesma pessoa. Então, em certo sentido, não é "a mesma pessoa". Mas noutro sentido é a mesma pessoa: ninguém o substituiu. Chama-se "identidade numérica" a este segundo género de identidade, uma vez que é o mesmo género de identidade denotado pelo sinal de igualdade em expressões matemáticas como "2 + 2 = 4": as expressões "2 + 2" e "4" representam o mesmo número. Numericamente, o leitor é a mesma pessoa que era em bebé, apesar de qualitativamente ser muito diferente. As alegações finais do julgamento confundem os dois géneros de identidade. Na verdade, o leitor mudou desde que o crime foi cometido: qualitativamente, não é a mesma pessoa. Mas, numericamente, o leitor e o assassino são a mesma pessoa; ninguém mais assassinou a vítima. É verdade que "ninguém pode ser punido pelos crimes de outrem". Mas aqui "outrem" significa alguém que é numericamente distinto do leitor.
O conceito de identidade numérica é importante para os assuntos humanos. Afecta a questão de saber quem podemos punir, uma vez que é injusto punir alguém que seja numericamente distinto do malfeitor. Também desempenha um papel crucial em emoções como a antecipação, o arrependimento e o remorso. O leitor não pode sentir pelos erros dos outros o mesmo género de arrependimento ou de remorso que sente pelos seus próprios erros. Não pode antecipar os prazeres de que outra pessoa terá experiência, por mais que essa pessoa seja semelhante a si em termos qualitativos. A questão sobre o que faz que as pessoas sejam numericamente idênticas ao longo do tempo é conhecida dos filósofos como a questão da identidade pessoal.
Pode-se representar a questão da identidade pessoal através de um exemplo. Imagine o leitor que está muito curioso acerca de como será o futuro. Um dia encontra Deus, particularmente bem-humorada; ela promete ressuscitá-lo quinhentos anos após a sua morte, para que o leitor tenha experiência do futuro. A princípio fica compreensivelmente entusiasmado, mas depois começa a duvidar. Como irá Deus garantir que será o leitor a existir no futuro? Daqui a quinhentos anos terá morrido e o seu corpo ter-se-á decomposto. A matéria que o compõe agora ter-se-á então dispersado pela superfície da terra. Deus poderia facilmente criar, a partir de nova matéria, uma nova pessoa que se assemelhe a si, mas isso não o conforta. O leitor quer ser o próprio a existir no futuro; alguém que seja meramente parecido consigo não serve.
Este exemplo torna o problema da identidade pessoal particularmente vívido, mas repare que a mudança trivial ao longo do tempo levanta as mesmas questões. Olhando para fotografias da infância, você diz "este era eu". Mas porquê? O que faz que o leitor e aquele bebé sejam a mesma pessoa, apesar de todas as mudanças que sofreu ao longo dos anos?
Então, como poderia Deus fazer o leitor existir no futuro? Como vimos, não basta reconstituir, a partir de outra matéria, uma pessoa fisicamente similar. Seria mera semelhança qualitativa. Adiantaria usar a mesma matéria? Deus poderia recolher todos os protões, neutrões e electrões que agora constituem o seu corpo, mas que estarão então dispersos na superfície da Terra, e transformá-los numa pessoa. Por via das dúvidas, Deus poderia até fazer que esta nova pessoa fosse parecida consigo. Mas não seria você. Seria uma nova pessoa criada a partir da sua velha matéria. Se não concorda, então pense no seguinte: esqueça o futuro; tanto quanto sabe, a matéria de que agora é composto o seu corpo foi, em tempos, parte do corpo de outra pessoa, há milhares de anos. É altamente improvável mas contudo possível que a matéria de um antigo estadista grego se tenha reciclado através da biosfera, vindo a acabar em si. É claro que isso não o tornaria numericamente idêntico àquele estadista. O leitor não deveria ser punido pelos crimes do dito; não poderia arrepender-se do que o outro tivesse feito. A identidade da matéria não é condição suficiente para a identidade pessoal.
Tão-pouco é necessária. Pelo menos, a exata identidade da matéria não é necessária para a identidade pessoal. As pessoas sobrevivem constantemente a mudanças graduais na sua matéria. Ingerem e excretam, cortam o cabelo e perdem porções de pele, e por vezes fazem implantes de pele ou de outra matéria nos seus corpos. Na verdade, o processo normal de ingestão e excreção reciclam quase toda a matéria de que o leitor é feito, periodicamente ao longo dos anos. No entanto, o leitor continua a ser o leitor. A identidade pessoal não está especialmente ligada à identidade da matéria. Então com o que está ela ligada?
|Theodore Sider, http://criticanarede.com/met_idpessoal.html

Trabalho de grupo sobre a Arte

O que é a arte by paulofeitais on Scribd                            Teorias estéticas from Paulo Gomes Trabalho de grupo:...