Texto 1 - ‘Transcendence’: a transcendência/destruição da humanidade?
Transcendence seria mais um filme de ficção científica se não fosse
baseado quase que completamente na vida do cientista Ray Kurzweil, famoso pelas
suas previsões sobre o futuro tecnológico e por estudos nas áreas da genética,
nanotecnologia, robótica e inteligência artificial.
No filme, Johnny Depp, interpreta o cientista Will Caster, que é,
de facto, uma versão cinematográfica de Kurzweil.
Will Trabalha num dos mais polémicos estudos de Kurzweil, “A
Transcendência Biológica” ou “singularidade”, três grandes revoluções resumidas
na sigla GNR – G de genética ou biotecnologia, R de reprogramação biológica e N
de nanotecnologia, que visa criar dispositivos inteligentes microscópicos
capazes de circular dentro dos nossos corpos reprogramando e interagindo com as
células, dando origem à primeira inteligência artificial real.
“É um período futuro em que as mudanças tecnológicas, serão tão
rápidas e os seus efeitos tão profundos, que todos os aspectos da vida humana
serão, irreversivelmente, transformados. Não haverá uma distinção entre humanos
e máquinas.” Ray Kurzweil
Se defendermos que o que define a nossa humanidade é a alma/mente,
como Descartes concluiu no século XVII, só temos consciência da nossa existência
quando pensamos. O corpo não passaria, então, de um instrumento da
mente.
Sendo assim, se for possível manter a alma intacta é possível
projetar novas formas de “estar no mundo”, através da tecnologia, criando novos
suportes tecnológicos para a alma, abrindo novos horizontes de expansão à
inteligência.
Os corpos deixariam de estar sujeitos à doença, podendo ser
recriados se se deteriorassem ou danificassem. À mente abrir-se-ia a
possibilidade da imortalidade. O Homem transformar-se-ia em Deus: poderia criar
novas formas de vida e curar o próprio planeta, já tão massacrado pelo
progresso tecnológico...
http://atomicfair.tumblr.com/post/93125211445/filme-transcendence
(Texto adaptado)
Texto 2 - O progresso tecnológico é humanamente sustentável?
No filme este sonho redentor acaba em catástrofe: a nova inteligência nascida do upload da mente de Will Caster para um computador, em vez de trazer a solução de todos os problemas da humanidade, transforma-se no pior dos pesadelos. Essa mente infinitamente mais poderosa do que a mente humana ameaça tornar-se numa mente planetária que rapidamente acabaria por se tornar única, ao absorver todas as outras mentes.
Para travar este colossal processo de destruição da humanidade (da
individualidade que é, no fundo, a base da vida pessoal a que podemos chamar
com propriedade ‘humana’) há que destruir a rede informática que alimenta essa
inteligência monstruosa e omnívora. O que resta é uma sociedade que regrediu a
um estádio de desenvolvimento pré-tecnológico, sem Internet ou electrónica.
Há quem defenda que a humanidade só poderá travar o seu fim
inevitável se desistir do progresso tecnológico. A destruição atual dos
ecossistemas deste nosso planeta à beira da ruptura a isso obrigaria de forma
urgente e inevitável.
Do outro lado da ‘barricada’ estão os que defendem que a tecnologia
é a solução: um dia virá em que o progresso tecnológico trará as respostas de
que necessitamos. Se a poluição e todos os problemas causados pela destruição
do ambiente são o resultado do progresso tecnológico, então será esse progresso
a reparar os seus danos. A ciência é a única via para a descoberta de soluções
viáveis e a tecnologia, o único instrumento acessível aos seres humanos para
operar essa reparação.
E é face a este dilema que se coloca o problema do desenvolvimento
sustentável: no estado atual da civilização não é possível abdicar do
progresso tecnológico, simplesmente não poderíamos viver ser eletricidade, as
vacinas, os antibióticos, a Internet, os automóveis, e tudo o mais que sustenta
o nosso modo de vida. Parar de poluir é impossível, isso teria custos
incomportáveis.
Por outro lado, confiar que o progresso tecnológico trará a solução
e não fazer nada para mitigar os problemas, é jogar um perigoso jogo de roleta
russa com a história, um dia podemos colher o que semeámos na nossa insensatez.
Só nos resta o conhecimento e a ação orientada pelo conhecimento:
temos que agir com sabedoria. O que implica a coragem de abdicarmos de algumas
coisas que temos como garantidas, para podermos ter futuro, nós e as gerações
por vir.
Talvez a ideia insana de um progresso indefinido, cada vez mais
galopante, tenha que dar origem a uma reflexão sobre o que ganhámos e o que
perdemos nos últimos três séculos. A ideia de que a economia tem que crescer
continuamente talvez tenha que ser substituída por um conceito de economia
centrado nos valores humanos (ou espirituais). A quem está a beneficiar a atual
criação de riqueza? As nações? Alguns indivíduos? As grandes corporações trans e multinacionais?
O crescimento da economia baseado no depauperamento do planeta é
verdadeiramente um ‘crescimento’? E como se conseguiria criar uma economia
‘humana’?
Texto 3 - A Singularidade
A maioria das pessoas está familiarizada com lei de Moore, que diz
que o desempenho dos processadores dos computadores vai dobrar a cada 18 a 24
meses, de alguma forma ou de outra, mas poucos refletem sobre as implicações
disto. Se assumirmos que as tendências atuais vão continuar, podemos extrapolar
algumas previsões:
2020 - Um computador pessoal com o poder de processamento do
cérebro humano estará em funcionamento;
2045 - Um computador pessoal com o poder de processamento de todos
os cérebros humanos no planeta estará em funcionamento;
O inventor e futurista Ray Kurzweil postulou que em algum momento
no futuro, uma "singularidade" tecnológica irá ocorrer, semelhante à
singularidade no centro de um buraco negro previsto pela física. Este é o ponto
no qual o progresso tecnológico, se representado num gráfico, se torna
essencialmente uma linha vertical. Mas como é que isso ocorre de repente?
Kurzweil prevê que uma vez que um computador seja criado com o
poder de
processamento do cérebro humano (o hardware do cérebro), é possível programar o computador para pensar como o fazemos, replicando a rede neural em nossos próprios cérebros para o circuito do computador (o software do cérebro). Temos, então, um computador que, para todos os intentos e propósitos, é igual a nossos próprios cérebros. Seria ele capaz de falar connosco, sentir e pensar originalmente, como fazemos? Provavelmente sim. Mas ele seria consciente? Ele estaria ciente da sua própria existência? Bem, isso é um assunto mais complicado...
processamento do cérebro humano (o hardware do cérebro), é possível programar o computador para pensar como o fazemos, replicando a rede neural em nossos próprios cérebros para o circuito do computador (o software do cérebro). Temos, então, um computador que, para todos os intentos e propósitos, é igual a nossos próprios cérebros. Seria ele capaz de falar connosco, sentir e pensar originalmente, como fazemos? Provavelmente sim. Mas ele seria consciente? Ele estaria ciente da sua própria existência? Bem, isso é um assunto mais complicado...
Agora, imagine que um ano ou dois depois deste primeiro computador
"cérebro" ter sido criado, os computadores praticamente dobravam
novamente o seu poder de processamento. Um segundo computador seria então
criado, mas este seria duas vezes mais potente que o nosso próprio cérebro.
Isto dá-lhe duas vezes a capacidade de raciocinar, de pensar originalmente, de
imaginar e criar. Seria capaz de fazer novas descobertas científicas, criar
novas tecnologias ou melhorar as já existentes e, mais importante ainda,
melhorar-se duas vezes mais rápido do que um ser humano. Podemos então deixar o
computador construir um terceiro 'cérebro' pouco depois, este mais capaz de se
aprimorar por si mesmo, e assim por diante.
Isto torna-se um loop de auto-reforço, com progressos cada vez
maiores, e em espaços de tempo cada vez menores. Dentro de talvez apenas alguns
meses, mais progresso é feito do que nos últimos 100 anos. Dentro de alguns
anos o poder de processamento de um único computador poderá ser 10 triliões de
vezes mais poderoso do que todos os cérebros humanos na Terra!
http://blog.thezeitgeistmovement.com/pt-br/blog/daniel-hurt/singularidade-tecnol-gica-e-ascens-o-da-m-quina (Texto adaptado)
Atividades:
1. Elabore uma lista de questões/problemas relacionados com os temas abordados no filme. A lista deve ser exaustiva.
2. Escolha as 3 questões que considera mais importantes.
2. Escolha as 3 questões que considera mais importantes.
3. A ser possível, a experiência realizada por Will Caster poderia ter resultado? Porquê?
4. Elabore um mapa conceptual que articule os conceitos explorados nos textos desta ficha.
4. Elabore um mapa conceptual que articule os conceitos explorados nos textos desta ficha.
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